domingo, 24 de agosto de 2008

Você se considera um educador do século XIX?

A edição 2074 da revista VEJA acusa os professores brasileiros de culpados pelo baixo índice de aprendizagem dos alunos, apresentado numa pesquisa de Qualidade em Educação. Segundo diz na matéria, os docentes incutem nos alunos idéias esquerdistas e refere-se a Paulo Freire dessa forma: “idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização. Entre os professores brasileiros ouvidos na pesquisa, Freire goleia o físico teórico alemão Albert Einstein, talvez o maior gênio da história da humanidade. Paulo Freire 29 x 6 Einstein. Só isso já seria evidência suficiente de que se está diante de uma distorção gigantesca das prioridades educacionais dos senhores docentes, de uma deformação no espaço-tempo tão poderosa que talvez ajude a explicar o fato de eles viverem no passado."

Na minha opinião a revista VEJA tem claramente uma ideologia que defende os interesses de uma classe dominante, que não quer um povo que pense e preza que a escola "ensine matéria", mas não "prepare cidadãos". Creio que a definição dada ao grande Paulo Freire, mundialmente respeitado , não poderia ser mais equivocada, porque tudo o que ele pregava era a libertação e não a doutrinação. Segundo a reportagem, os docentes vivem no passado. Segundo a minha opinião, estamos de olhos bem abertos no presente, aprendendo com os erros do passado. Chega de ser professor que despeja conteúdo descontextualizado, exigindo decorebas. Hoje queremos que nosso aluno aprenda a matéria, mas que também esteja conectado com o mundo, saiba exigir seus direitos e cumprir seus deveres e lute pelo seu lugar numa sociedade que ainda privilegia poucos . Como educadora é isso que espero com a minha prática pedagógica e não me arrependo.

Essa foi a resposta de Moacir Gadotti - Diretor Fundador do Instituto Paulo Freire

"Paulo Freire não respondia a ataques pessoais. A Revista Veja é muito coerente com a sua postura ideológica. Há mais de uma década ela vem atacando Freire. Hoje ela faz parte da campanha "Compromisso Todos pela Educação", ao lado da FIESP e de outras instituições que defendem uma educação com base na ética do mercado, contrária aos princípios pedagógicos freirianos. Creio que a posição da Revista Veja, hoje como ontem, continua firme na defeça da sua ideologia neoliberal, que, segundo Freire, nega o sonho e a utopia. É melhor esta posição firme do que a aquela que se esconde sob o manto de uma pseudo-neutralidade. A Revista Veja não está contente com os docentes que, mesmo em condições tão adversas, buscam educar para um outro mundo possível. Saber que 29% dos professores se identificam com Paulo Freire é uma demonstração evidente de que as suas idéias tem ressonância neles e que nós, do Instituto Paulo Freire, continuando e reinventando Freire, estamos no caminho certo."

2 comentários:

Anônimo disse...

O revista Vej é uma piada basta olharmos o dodssie feito por Luis nassif

Anônimo disse...

Olá, criamos o Ning http://vivoeduca.ning.com para construir coletivamente o Seminário "A Sociedade em Rede e a Educação". A participação de vocês será muito importante para a Rede.